Nós do blog Terceira Infância realizamos uma entrevista com a psicóloga
Jaqueline Rocha, a respeito do tema “Desenvolvimento Infantil”, o que a sociedade e a família influenciam neste aspecto. LEIAM ABAIXO A ENTREVISTA
Jaqueline Rocha, a respeito do tema “Desenvolvimento Infantil”, o que a sociedade e a família influenciam neste aspecto. LEIAM ABAIXO A ENTREVISTA
ENTREVISTA: ASSUNTO
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO MOTOR
Nome: Jaqueline
Rocha Almeida Silva, me formei no ano de 2011 pela Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais (PUC MINAS). Graduada em Psicologia com Ênfase
Clínica - Pós-Graduação em Gestão de Pessoas pela PUC Minas em formação.
CRP:04/36179
Atuação: Clínica,
Dependência Química e Psicologia Social.
Local: - Clínica
Única na Rua Leopoldina nº 94 – Centro -
Sete Lagoas
Centro
Especializado de Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop)
Contato: (31)
998108118
jklinerocha@hotmail.com
a) Como as questões culturais perpassam o
seu contexto de trabalho?
As questões
culturais se fazem presentes em todo o tempo em meu contexto de trabalho, uma
vez que existe uma relação e nesta relação, ambas as partes trazem consigo sua
cultura: crenças, leis, moral, costumes, que influenciam a forma de pensar e
agir no mundo. Mas isto nunca foi um problema, sendo que a práxis clínica
também é efetivada e pautada em uma ética que norteia o meu trabalho.
b) Qual é a importância da dimensão da
cultura na sua relação com o seu público?
Considero muito
importante, pois como seres humanos pensamos e agimos influenciados pela
cultura, sendo esta uma forma de ver o mundo e atuar nele. A cultura ocidental
é diferente da cultura oriental, então as pessoas de uma cultura pensam e agem
diferente nestes locais distintos do mundo. Então na relação com as pessoas que
atendo é imprescindível eu conhecer a forma de pensar e agir do outro para eu
atuar de forma a não agredir nem ofender esta pessoa.
c) Como você lida com as crenças e
valores do seu público atendido (ex: crenças religiosas, preconceitos, valores,
entre outros)?
Particularmente não
tenho nenhum problema, entendo que devo agir e pensar pautada na ética, ética
esta que não deve ser confundida como moral, mas na ética do respeito que me
proporciona uma postura existencial frente ao outro me capacitando a dar
acolhimento ao outro e em consequência, deixando este outro ser quem ele é.
Dessa forma, consigo que meu trabalho seja aquilo que ele se propõe a ser, fazer
com que a outro seja ele mesmo, compreendido em seu ser.
A abordagem
que atuo é a Psicologia Existencial Humanista Fenomenológica, em que um dos
autores, o Vitor Frankl, afirma que o sentido é que move a vida humana, a
ausência de sentido correlaciona-se linearmente, ao desenvolvimento de
psicopatologias. O sentido atuaria como regulador, do comportamento, a partir
de uma realidade subjetiva, sem desconsiderar, obviamente, as variáveis
socioculturais que atuam neste. Esta teoria psicológica compreende que a vida
não é promessa de felicidade, mas a possibilidade de encontrar um sentido. Este
sentido advém do resultado da experiência das pessoas e suas ações. Assim
sendo, na psicoterapia encoraja-se a compreensão de que o cliente é responsável
pelo sentido que atribui a sua vida. Então não tenho dificuldades com a crenças
e valores de meus clientes. Outra forma de lidar com esta questão é a busca
pelo meu próprio autoconhecimento que anda de mãos dadas com minha atuação, considero
imprescindível.
d) De que maneira o convívio social
pode afetar o desenvolvimento motor e cognitivo da
criança?
O
desenvolvimento e o comportamento de uma criança se dá dentro de um contexto
histórico, isto é, dentro de suas experiências passadas e que vivencia no
presente, e também da herança hereditária que compõem as estruturas e funções
neurofisiológicas da mesma. Sendo assim, as experiências de aprendizagem
do organismo e os estímulos atuais condicionam e determinam seu comportamento.
Dessa forma o convívio social pode afetar positivamente ou negativamente o
desenvolvimento motor de uma criança. Ex: uma criança que não come direito, por
falta de alimento em casa, pode vir a andar depois que outra criança que
recebeu uma boa dieta. Outro exemplo: crianças que são mais estimuladas em seu
desenvolvimento motor, onde adultos passam um tempo brincando com ela,
estimulando a andar, a correr, a andar de bicicleta, praticar esportes, por receberem
mais estímulos terão mais possibilidades de desenvolverem a área motora. Dessa
forma, o convívio social tem uma importante influência no desenvolvimento motor
da criança.
e) Quais fatores podem ocasionar
algum problema emocional na criança nessa etapa da infância?
São diversos os
fatores: individuais, familiares e ambientais considerando que há uma
inter-relação entre eles. Dentre os fatores de risco, mais estudados estão o
sexo da criança (meninos são mais propensos a transtornos disruptivos e meninas
apresentam mais transtornos emocionais).
Outro fator é a
psicopatologia dos pais (segundo estudos, estes pais estão mais propensos a
terem filhos com problemas comportamentais ou de ansiedade), da mesma forma,
crianças com doenças físicas, baixo quociente intelectual, ou que apresentam
dificuldade na leitura são mais propensas a um distúrbio psiquiátrico.
Temos também o
nível socioeconômico, a pobreza e a exclusão social são fatores de risco bem
estabelecidos, pessoas que vivem em grupos de baixa renda tem pouco ou nenhum
acesso à educação, com dificuldades econômicas aguda e enfrentam dificuldades
em suprir suas necessidades básicas para sobrevivência.
Outro fator é a
exposição a eventos estressantes e as exposições pré e perinatais, sendo o tabagismo
materno, um fator associado a problemas psicológicos dos filhos.
f) Dentro
de sua realidade de atendimento, os pais interagem com as crianças desta faixa
etária para a melhora das mesmas ou você percebe que eles delegam ao
psicólogo "a cura" destas crianças?
No início do
tratamento, quando os pais chegam com uma determinada demanda em relação ao
filho, sempre esclareço que iniciaremos com o psicodiagnóstico e ressalto que a
presença dos pais é imprescindível, após o psicodiagnóstico a terapia passa a
ser da família onde exigirá mudança também dos pais para que ocorra mudança nos
filhos. Dessa forma, os pais em sua maioria vão ao consultório acreditando que o
psicólogo irá resolver o problema, somente após a conscientização com eles é
que percebem que é necessário que eles também mudem determinadas atitudes.
g) Dentro
do desenvolvimento motor é necessário também um auxílio de outros profissionais
como por exemplo fisioterapeuta, como funciona esta interação?
Acredito
que sim, pessoalmente ainda não chegou para mim esta demanda, mas se o
comprometimento motor requer cuidados de especialistas é necessário o
encaminhamento objetivando um tratamento eficaz para a melhora do cliente.
h) Quais
são os sintomas que as crianças apresentarem que sugerem aos pais ou responsáveis
que procurem um psicólogo?
São
diversos os sintomas, os mais recorrentes que se apresentam em meu consultório
são: dificuldades de aprendizagem (geralmente crianças que vivenciam problemas
emocionais externam com o baixo rendimento escolar); dificuldade de obedecer a
regras escolares e familiares (indisciplina e falta de limite); sofrerem o
bullying; ciúmes do irmão (ã); abuso sexual; dificuldade de interação; enurese
noturna; depressão; hiperatividade; ansiedade, dentre outros.
i) Dê um recado para os pais ou
responsáveis de crianças que necessitam de um acompanhamento psicológico ou que
querem algum incentivo para fazê-lo.
Oriento aos pais
para não terem medo de buscar ajuda com o psicólogo, isto não é sinal de que
você não sabe educar seu filho e muito menos que você estará delegando esta
função a um desconhecido.
Peço aos pais que
observem o comportamento dos filhos e a forma com que eles expressam seus
sentimentos. Ao perceberem que algo não está indo bem, que seu filho está
sofrendo e demonstra de forma agressiva ou reprimida, procure ajuda, pois tais
expressões podem trazer consequências muito negativas, como doenças emocionais,
dificuldades de relacionamento, dificuldades no desenvolvimento no momento
presente e no decorrer de sua vida. O quanto antes for cuidado, melhor
será a qualidade de vida de seu filho e também de toda a família.
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